Este blogue consta de uma compilação de retratos da natureza e intervenção humana em ambiente rural e urbano que O Cidadão abt vai capturando com a sua objectiva durante as caminhadas, será despejada neste blogue de muitos píxeis e poucos bitáites, dando ao ciberleitor a possibilidade de clicar sobre cada uma das fotos e de seguida na tecla F11 para melhor as poder desfrutar em ecrã total... Ligue o som e... passe por bons momentos!

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

PROMONTÓRIOS DA LUA



   Caminhando pelos trilhos das arribas mais ocidentais da Europa Continental, algures entre a Praia da Adraga e o Cabo da Roca, no concelho de Cintra, onde sobre os promontórios virados ao Oceano Atlântico podemos desfrutar de soberbas paisagens... Correndo a vista pelas praias da costa, a norte vislumbramos as localidades de Praia das Maçãs, Azenhas do Mar e Ericeira, e para terra podemos avistar as povoações de Almoçageme, Ulgueira e Azoia, sendo que a sul nos vigia a arriba do Cabo da Roca com o seu imponente e vistoso farol e, conforme vamos progredindo no terreno, de nós se parece aproximar.




“Correram-nos oito dias naquele deserto, ora descendo à fertilíssima várzea de Colares, ora subindo às assomadas crespas da serra ou indo ver as ondas, que batiam, refervendo, nos recôncavos do precipício da Pedra de Alvidrar; dias que ficaram para sempre impressos no espírito de Alexandre Herculano e no nosso!”
Bulhão Pato, 1883




“Cheguei-me até à beira do rochedo que tem uma grande altura, e é quase na perpendicular. Um bando de rapazes tinha-nos acompanhado, e cinco lagatões, destacados desta malta, desceram o temeroso precipício com a mais completa indiferença, sobretudo um deles, que foi com os braços abertos, e que parecia uma criatura sobrenatural”.
William Beckford, 1787






 “Há muitos milhares de anos, quando a terra era uma enorme bola coberta de gelo, aqui vivia uma ursa com os seus filhos.










  Quando o degelo começou, os Deuses disseram a todos os animais para abandonarem a beira-mar, mas a ursa não o fez, pois ali tinha nascido e ali queria ficar.
Os Deuses enfurecidos transformaram a ursa em pedra e os seus filhos em pequenas rochas dispersas à volta da mãe, que ali para sempre ficaram dando assim o nome à praia - Praia da Ursa.”



 “Há muitos séculos atrás, o Deus Vulcano, figura sinistra e perversa, jurou vingar-se para todo o sempre duma formosa princesa, espelho de virtudes sem par.
O maligno Vulcano, seguindo ruins desígnios, pretendeu casar-se com a esbelta princesa que já a outro prometera a sua mão.
   Pouco satisfeito com o inesperado facto, quis saber de quem se tratava. Furioso ficou quando soube que o futuro esposo da gentil princesa era o seu próprio sobrinho, filho primogénito da sua irmã. Imediatamente acorreu à casa de sua irmã Zipa e queixou-se do seu desespero.
    Esta fez-lhe ver que nada tinha com o próximo enlace. Jovens e obedientes aos pais de cada um, tudo neles concorria para que fossem felizes.
  Em consciência nada teria a opor-se e recomendou ao irmão prudência e resignação; a casta princesa não era para a sua idade, merecia um jovem como ela.
Vulcano não acatou os conselhos prudentes e nobres da irmã.
Chegando a seus domínios, organizou fortíssima expedição que se dirigiu para as terras da princesa Al-Vidrar e de seu sobrinho Foje.
Zipa veio ao seu encontro mas nada deteve Vulcano.
Naquela cruenda batalha restam os corpos vulcanizados dos moços namorados aos quais chamamos PEDRA DE ALVIDRAR E O FOJE”
Lenda de Alvidrar.



 Conta a lenda, que perto do Cabo da Roca, desapareceu de casa de sua mãe um menino, cuja idade rondava os cinco anos, sem que sua triste mãe pudesse saber onde ele estava.
   Cuidava que caíra de um penhasco abaixo e que estaria afogado no mar.
    Mas, a verdade era outra.
   Umas bruxas tinham-no tirado de sua casa e lançado num despenhadeiro virado sobre o mar.
    Ao choro do menino, acudiram uns pastores, que rapidamente levaram a notícia a vila. De lá saíram muitos aldeãos com a desconsolada mãe para socorrerem o pobre menino.
    Foi uma tarefa complicada, tirarem o moço do buraco, que parecia sem fundo, mas, ao fim de muitos trabalhos, lá o conseguiram resgatar.
   Muito contente por o ver são e salvo, a mãe perguntou-lhe quem o tinha posto ali e quem lhe dera de comer durante tanto tempo.





 O menino explicou que tinham sido umas mulheres, que o tinham levado pelo ar e o tinham atirado para a tal cova, e que uma senhora, muito bonita, todos os dias lhe levava umas sopinhas de cravos para ele comer.

Explicada a historia e acalmados os ânimos, toda a aldeia, mais a mãe e o menino, se dirigiu à igreja para agradecer a Nossa Senhora o ter acabado tudo em bem. Ao entrar na igreja, olhando para a Senhora no altar, o menino disse:





  — Ó mãe, ali está a senhora que todos os dias me dava as sopinhas de cravo para eu comer!
    Este menino chamava-se José Gomes, mas foi pela sua alcunha que ficou conhecido em Cascais, o Chapinheiro.








"Eis aqui, quase cume da cabeça
De Europa toda, o Reino Lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar começa,
E onde Febo repousa no Oceano.
Este quis o Céu justo que floresça
Nas armas contra o torpe Mauritano,
Deitando-o de si fora, e lá na ardente
África estar quieto o não consente.”
Luís de Camões